ATA DA
TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA DA
DÉCIMA LEGISLATURA, EM 06.03.1989.
Aos seis dias do mês de março do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Terceira Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Extraordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quatorze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Heriberto Back, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo. Constatada a existência de "quorum", o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Dilamar Machado que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. Após, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da Segunda Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Dilamar Machado, 02 Pedidos de Providências, solicitando capeamento de asfalto na Rua Atílio Superti, entre a Estrada Monte Cristo e Avenida Romeu Samarani Ferreira; sinalização do cruzamento das Avenidas Vinte e Um de Abril e Faria Lobato, bem como colocação de queba-molas na Rua Vinte e Um de Abril, em frente à Praça Alvarenga Peixoto, na Vila Elizabeth; pelo Ver. Ervino Besson, 08 Pedidos de Providências, solicitando conclusão do calçamento da Estrada Vila Maria; conserto e limpeza de bueiro na Rua Landel de Moura, em frente ao número 2181; reposição de lâmpadas, na mesma rua, em frente aos números 2093, 2171, 2537 e 2738; colocação de lâmpadas na Rua João Mora, junto ao Conjunto Residencial Vitória Régia; solução para o problema de esgoto, na mesma rua, fundos dos blocos de números 505 e 495; limpeza na mesma rua; desentupimento do esgoto da Rua Pe. João Batista Reus, próximo ao número 2538; reposição de lâmpadas, na mesma rua, em frente aos números 2941, 2994 e 3033; pela Verª. Letícia Arruda, 01 Pedido de Providências, solicitando capina e limpeza no pátio da Escola Estadual Gomes Carneiro; pelo Ver. Wilton Araújo, 01 Pedido de Providências, solicitando reparação de um buraco de grandes proporções na Avenida Rio Grande nº 350. DO EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 144, 145, 146, 147, 148, 149 e 150 do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre. EM COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Vieira da Cunha, abordou o tema das demissões ocorridas no DEMHAB, inclusive com funcionário em licença de saúde, contrariando os dispositivos legais vigentes. E contraditou afirmações do Líder do Partido dos Trabalhadores, segundo o qual os casos de demissões injustas seriam revistos e corrigidos, o que não vem se concretizando. O Ver. Luiz Braz salientou a apresentação de Pedido de Providências, de autoria do Ver. Edi Morelli, o qual alerta para a possibilidade de se firmar convênio entre a SMAM e a CEASA, de modo que os restos de alimentos desta última possam ajudar na alimentação dos animais do zoológico do Parque Farroupilha; discorreu ainda sobre dispensa de carro locado pela Direção do DEMHAB e situação precária da Escola Jerônimo de Albuquerque. O Ver. Artur Zanella reportou-se, também, aos acontecimentos no DEMHAB, salientando o caso de uma funcionária que se encontra com seu pagamento retido até que assine carta de demissão. Afirmou, ainda, que, em contato com a Direção Geral do DEMHAB, recebeu confirmação de que as referidas demissões se dão pelo excesso no número de funcionários e não pela questão salarial. O Ver. João Dib comentou respostas oferecidas pelo Executivo a Proposições de autoria de S. Exa, acerca das condições físicas da Avenida Eduardo Pereira Paiva e da situação financeira da Cia. Carris Portoalegrense. O Ver. Flávio Koutzii informou sobre discussão levada a efeito com o Sr. Prefeito Municipal, a fim de definir as relações entre este e os Vereadores desta Casa, do que resultou Ordem de Serviço daquela autoridade ao primeiro escalão da administração municipal, regulamentando as demandas encaminhadas pelos edis. O Ver. Wilson Santos, veiculou reclamações de veranistas do trecho entre Quintão e Capão da Canoa sobre existência de resíduos de petróleo nessas praias, possivelmente provenientes da lavagem de porões de navios. Alertou, também, sobre os prejuízos decorrentes. E o Ver. Clóvis Brum, reportou-se ao pronunciamento de hoje do Ver. Flávio Koutzii, declarando acompanhar com estranheza as demissões ocorridas no DEMHAB especialmente por atingir o operariado, cujo salário não onera a receita do Município e, salientou, ainda, a iniciativa de estabelecer Ordem de Serviço que regulamenta as demandas encaminhadas pelos Srs. Vereadores. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às quinze horas e sete minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Isaac Ainhorn e secretariados pelo Ver. Wilton Araújo. Do que eu, Wilton Araújo, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e 1º Secretário.
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Declaro abertos os trabalhos da presente Sessão. Com a palavra, o Sr. Ver. Vieira da Cunha em tempo de Liderança.
O SR.
VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, já tive a oportunidade, bem como o Vice-Líder de nossa Bancada,
Ver. Dilamar Machado, ex-Diretor do DEMHAB, de manifestar a posição do PDT a
respeito da demissão em massa ocorrida naquela Autarquia Municipal. Mas me vejo
obrigado a retornar ao assunto, senão em deferência da Comissão que representa
os servidores atingidos por aquele ato, também por um fato novo que me foi
trazido a conhecimento na última sexta-feira.
Procurou este Vereador em seu gabinete um dos
servidores demitidos que se chama Januário Pereira Rodrigues. Ele recebeu a
notificação da dispensa, e eu chamo a atenção desta Casa que nenhum dos
servidores recebeu aviso prévio, mas uma comunicação de rescisão do contrato de
trabalho por parte do DEMHAB e, neste mesmo instrumento, consta a comunicação
de que estão dispensados de cumprir aviso prévio. Portanto é de se supor que o
aviso prévio será indenizado quando da assinatura da rescisão do contrato de
trabalho. Mas este servidor, repito o nome, Januário Pereira Rodrigues,
procurou este Vereador, porque fora demitido no dia 3 de março, no dia
posterior ao retorno de suas férias e ele me procurava com farta documentação
provando que ele estava em tratamento médico, mesmo durante as férias, e que a
moléstia não estava ainda curada. Tudo isto devidamente documentado por médicos
credenciados do INAMPS. O Atestado que me trazia diz que o referido paciente,
Januário Rodrigues, apresentava problemas, estando em tratamento nesse serviço
de dermatologia do INAMPS. Pedi, então, ao referido servidor que procurasse
novamente o seu médico, e que solicitasse a ele um atestado, dando-lhe até 15
dias. Como sabem os Srs. Vereadores, até 15 dias a responsabilidade do
pagamento é do empregador. Ao persistir a moléstia ele entraria em gozo do
auxílio-doença; senão, se apresentaria em condições de trabalhar, e, portanto,
em condições de ser demitido. Eu chamo atenção, especialmente, à Bancada
governista, que tem brilhantes advogados que a compõe, que quem não está em
condições de trabalhar, também não está em condições de ser demitido. É uma
garantia trabalhista. O referido servidor retornou ao meu gabinete, portando um
atestado médico, assinado pela Drª Maida Degrazzia, médica do INAMPS, CRM nº
5.845, dizendo que o servidor necessitava de 15 dias de afastamento do
trabalho, por motivo de moléstia, a partir de 03 de março de 1989. Para não
trazer este assunto à Plenário, consultei a Direção Administrativa do DEMHAB na
própria sexta-feira, e por telefone me comunicaram que o assunto deveria ser
encaminhado à Coordenação Administrativa do DEMHAB, cuja titular é a Srª Sônia.
Mandei um cartão a ela dizendo o seguinte: (Lê.) "Encaminho o Sr. Januário
Pereira Rodrigues, servidor do DEMHAB, que teve o seu contrato de trabalho
rescindido nesta data. Ocorre que o referido senhor está em tratamento médico,
conforme documentos que apresentará, razão porque sua rescisão contratual deve
ser tornada sem efeito. Fico grato desde já. Atenciosamente, Ver. Vieira da
Cunha." Hoje o servidor voltou ao meu gabinete, para me comunicar que o
meu cartão estava sendo, Ver. Clóvis Brum, a exemplo de outros, devolvido, e
que havia determinação de ordem superior, para que nenhum caso fosse
reexaminado pelo DEMHAB, e que, apesar da farta documentação apresentada pelo
servidor, ela nada poderia fazer. Vejam, Srs. Vereadores, que a resposta dada
nesta tribuna, se não engano pelo Ver. João Motta, Vice-Líder do PT, e também
corroborada pelo Ver. Flávio Koutzii, Líder do PT, dizendo que os casos de
demissões em massa seriam revistos e reanalisados um a um, e qualquer injustiça
cometida seria reparada, não está-se tornando realidade. E eu trago aqui um
caso concreto e coloco, desde já, à disposição da Bancada do PT, os documentos
comprobatórios de que este servidor estava impossibilitado de trabalhar, com
atestado médico comprovando que está doente e, portanto, não poderia ter sido
demitido. Todos estes documentos foram apresentados e estão aqui, devolvidos a
este Vereador, que os loca à disposição da Bancada do PT, que, agora, tem a
oportunidade de demonstrar a sinceridade de seus propósitos de fazer justiça.
Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz
Braz.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
quero, inicialmente, registrar que o meu companheiro de Bancada, o Ver. Edi
Morelli, está fazendo um Pedido de Providências no sentido de que a SMAM firme
convênio com a CEASA, para que restos de alimentos daquela Companhia sejam
destinados à alimentação dos animais do minizôo do Parque Farroupilha. Como
sempre, uma iniciativa inteligente de nosso companheiro de Bancada, Ver. Edi
Morelli.
Na mesma linha do Ver. Vieira da Cunha, quero dizer que,
também lá no DEMHAB, um carro locado foi dispensado porque se negou a carregar
seis pessoas da Administração Municipal. Como houve uma discussão entre este
motorista e uma secretária da Diretora do DEMHAB, este carro foi dispensado
apenas porque se negou a carregar uma lotação excessiva. Casos como este, que
estão ocorrendo, assim como o relatado pelo Ver. Vieira da Cunha, fazem com que
se pense que a administração popular está cometendo determinados erros e não
quer voltar atrás para corrigi-los. Por este motivo, tende a ter, mais tarde,
uma avaliação feita pela população que possivelmente não lhe seja favorável.
Mas o que me traz à tribuna é um fato diferente. É um
pedido que há algum tempo fiz para o Líder da Bancada do PT aqui nesta Casa,
Flávio Koutzii, trata-se de uma área destinada à escola, no Bairro Partenon,
que deveria ser ocupada pela Escola Jerônimo de Albuquerque que teve dois dos
seus pavilhões desmanchados pela SEC, promessa de reconstrução destes dois
pavilhões. Os dois pavilhões não foram reconstruídos e até não foram
reconstruídos por falta de um local adequado. O Líder do PT, nesta Casa, Flávio
Koutzii, prometeu para este Vereador encaminhar o mais brevemente possível o
assunto para o Prefeito Olívio Dutra, fiz questão de fazer, também, a
comunicação pessoal ao Prefeito Olívio Dutra e absolutamente nada foi
resolvido.
Mas, o mais grave, por este fato estão-se arrastando
muitos e muitos meses, os jornais do fim de semana registraram com fotos a
Escola Jerônimo de Albuquerque, a única daquela região do Partenon que atende
ali o Morro da Cruz sem as mínimas condições de atender as suas 700 crianças.
Setecentas crianças estão sem escola por inatividade completa do ex-Secretário
da SEC, Dr. Bernardo de Souza, pelo atual Secretário da SEC Profº Rui Carlos
Osterman e pela atual administração do PT para a qual já encaminhei o assunto e
nenhuma resposta foi dada. Acontece que a área ao lado da Escola Jerônimo de
Albuquerque é uma área destinada a Escola, mas para que se possa ocupar esta
área tem que se retirar algumas famílias que ali se instalaram. Então, teria
que se fazer a relocalização destas pessoas a fim de que aquele pedaço, aquele
terreno que é destinado exclusivamente para escola pudesse ser ocupado com a
reconstrução dos pavilhões da Escola Jerônimo de Albuquerque. Por este motivo
eu creio que enquanto a Administração Estadual, Municipal, vai fazendo seu
joguinho político, seu joguinho de empurra. Não é comigo, é com o outro, não é
agora, não é assim. Não se pode retirar pessoas, não dá para se relocalizar
pessoas.
Setecentas crianças vão sofrendo um problema muito
grave porque estão ali na zona do Partenon, numa zona extremamente pobre. No
"Campo da Tuca", sem escolas, sem condições de freqüentarem as aulas,
já começou o ano letivo, mas estas crianças, quem sabe, lá pela metade do ano,
vão querer acompanhar as outras e é claro que vão perder a oportunidade de
aprender como as outras. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Artur
Zanella em tempo de Liderança.
O SR. ARTUR
ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
não pretendia tratar do assunto, mas já que o mesmo foi abordado, creio que o
assunto dos funcionários do DEMHAB deva ser novamente enfatizado. Conversei com
a assessoria do Dr. Tarso Genro e depois recebi um telefonema da Srª Lires
Marques, que me dizia que tinha tomado aquelas atitudes com a aprovação, com o
conhecimento prévio do Dr. Tarso Genro e do Prefeito Olívio Dutra.
Disse-me um assessor - depois entrei em contato, com o
gabinete do Vice-Prefeito - que o Sr. Prefeito recebeu aquela carta junto com
os Vereadores e mais ainda, havia tomado conhecimento da carta encaminhada à
Câmara Municipal por meu intermédio, porque a carta que o DEMHAB encaminhou
chegou depois. Então, esta aprovação se transformou numa aprovação tácita, mas
é uma mesma administração, creio que é uma norma administrativa. Agora, não
acredito que seja norma administrativa o que fizeram com uma funcionária, hoje,
pela manhã, incluída naquela lista, que apresentou-me documentos que comprovam
ter entrado em maio de 1983, isto é, tem mais de cinco anos. Perguntou-me ela
se deveria assinar algum documento, porque tinha sido apresentado a ela um
documento pedindo demissão. Eu disse a ela que não assinasse e ela retornou
novamente no meu gabinete hoje pela manhã, dizendo-me que o salário dela estava
retido e que só vai receber o salário se assinar o pedido de demissão.
Então, encaminhei-a de novo para o Departamento com
uma pessoa para servir de testemunha, porque aí nós chegamos às raias do
estelionato. Aí já é coação e outras coisas mais. E então eu tenho o nome da
funcionária, vou dar ao Líder do PT se estiver interessado no nome da
funcionária, porque eu não quero evidentemente prejudicá-la, ainda mais que é
uma senhora, que trabalha como operária. A alegação para sua demissão é que
como operária ela não pode trabalhar na arrecadação como está trabalhando, e
que então será demitida por isso, por estar em desvio de função. Evidentemente
que é o contrário, se a administração reconhecer que ela está em desvio de
função, deve defender-se na Justiça do Trabalho, tanto que reconhece esse
desvio de função e quer saná-lo com a demissão que será assinada se ela
conseguir receber os seus salários. Veja bem que nós não estamos discutindo
aqui direitos de um país atrasado da África, nós estamo-nos referindo a um
Órgão comandado por uma socióloga do Partido dos Trabalhadores. E ela pessoalmente
disse-me que vai tirar tudo e que não vai ficar ninguém e que não vai revisar
nada, a não ser que a legalidade seja discutível em algum Tribunal. Mas mesmo
os que trabalham seriam demitidos, porque não era um problema de fantasma ou
somente isso, ela achava que tem gente demais e vai demitir quem trabalha
igual. E eu vi esta lista aí, não tem nenhum marajá na lista, não tem nenhum
cargo altíssimo, são só operários que ganham um pouco mais do que o salário
mínimo. Como eu fui diretor daquele Órgão, por cinco anos, nunca coloquei lá
nem marajás, nem funcionários fantasmas, creio que eu tenho autoridade
suficiente para dizer como eu li hoje, que se precisa contratar operários para
o DEP, SMOV, etc... por que não se fazer um processo de readaptação dessas
pessoas que já estão trabalhando, que já são funcionários e que realizam lá nas
vilas com todo o seu entusiasmo, o seu trabalho para a solução daqueles
pequenos problemas? Quando se implantou o sistema foi assim: com o chamado
fiscal de vila, se evitou que o engenheiro tivesse que se deslocar do órgão com
uma viatura às vezes para identificar um problema de menos importância. Então,
é importante que haja em uma vila irregular, principalmente, um agente da
administração, ainda que modesto, ainda que operário, mas que não tenha como
reconhecimento do seu trabalho a demissão com a pecha de fantasma ou de vadio.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Para uma Comunicação de Líder,
pelo Partido Democrático Social, o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
desejo neste momento fazer comentários a respeito de 2 Pedidos de Informação
que foram encaminhados à Administração Municipal e que têm sido razão de
debates neste Plenário. Um dos problemas foi a Av. Eduardo Pereira Paiva - Av.
Beira-Rio - que muita gente informava que o pavimento não teria condições de
receber tráfego pesado, que não estava bom, e eu gostaria de ver a coisa
esclarecida. Então perguntei quanto foi o custo inicial e final, situação do
atual pavimento, capacidade de tráfego, a situação dos taludes, o que seria
feito com os postos de abastecimento. Recebi as informações de que o custo
inicial foi de 491 milhões, 943 mil, 547 cruzados, e que o custo final foi de
956 milhões, 863 mil, 393 cruzados e 62 centavos, ao mesmo tempo que dizia que
o pavimento se encontra em condições não ideais, e aí, realmente, fiquei
preocupado. Eu, depois de receber a resposta e antes mesmo, já havia percorrido
todo o trecho da Av. Eduardo Pereira Paiva, não vi, evidentemente, eu percorri
de automóvel, não vi nenhuma deficiência no pavimento, e também informa as
condições não ideais, embora a estrutura do pavimento construído tenha sido
dimensionada para tráfego pesado. Então eu gostaria, depois, num novo Pedido de
Informações que vou fazer, de saber o que é que a administração entende por
condições não ideais. E diz, também, que os futuros postos de abastecimento
dependem da conclusão da comissão especial destinada a revisar o Projeto Praia
do Guaíba.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, normalmente não
critico ninguém, no entanto, não concordo com a colocação do Diretor-Presidente
da Cia. Carris - isto já disse aqui, na presença dele - porque eu entendo que,
quando alguém diz que a empresa tem gordurinhas que podem ser queimadas, não
pode ter dívidas. Então, eu perguntei o que aconteceu com o Fundo de
Garantia, o IAPAS, o ISSQN, nos anos 1986, 1987 e 1988. A informação que tenho
é de que o IAPAS foi recolhido normalmente, com exceção do mês de
novembro/1988, NCz$ 57.831,00, e que o ISSQN, nos anos de 1985, 1986, 1987 e
1988, não foi pago. A Prefeitura utilizou-se do instrumento de compensação,
transformando créditos tributários da Prefeitura em participação acionária, e
que tal fato ocorreu nos anos de 1978, 1985 e 1987. Em 1987, foram ajustados os
anos de 1985 e 1986. Em 1985 é possível que se fizesse porque havia necessidade
de aumento de capital, uma vez que a EBTU entrava com o capital na Carris e a
Prefeitura tinha que manter os seus 51% para ter o controle acionário da
Companhia. Mas, nos outros anos, não havia essa necessidade de aumentar o
capital da Carris. A não pagar o imposto, fica muito mais fácil administrar,
fica muito mais fácil sobrar gordurinhas. E também eu perguntei em que situação
estava o pagamento da compra de ônibus, chassis e carrocerias, separadamente.
Disseram que estava em dia, com exceção de um montante em atraso, em grande
parte herdado da administração anterior, que é de Cz$ 426.416,00. Ora, se uma
Companhia que tem gordurinhas fica devendo NCz$ 426,00, eu fico muito
preocupado com as gordurinhas dessa companhia. Mas se fossem quatrocentos e
vinte e seis mil cruzados novos, eu pensaria que um grande devedor é uma
intranqüilidade para o credor, mas quatrocentos e vinte e seis cruzados novos é
uma preocupação para o devedor, não para o credor. Também encontraram quarenta
e dois mil cruzados novos de débitos de novembro de 1988, correspondente ao
fornecimento de combustível e lubrificantes que foram já ajustados na atual
administração.
É de estranhar, Sr. Presidente, que alguém possa informar,
com tanta tranqüilidade, que há um lucro operacional, agora, no mês de
fevereiro, de quarenta mil cruzados novos. Quarenta mil cruzados novos, quando
se dizia que a Carris, nos dias da intervenção, estava transportando, segundo o
Diretor-Presidente, 45 mil passageiros a mais, diariamente; segundo um dos
Diretores da Carris, 60 mil passageiros a mais diariamente. Ora, esse número,
se fosse de 45 mil passageiros, daria uma receita diária de mais de cinco mil e
quatrocentos cruzados novos. Já teria que dar mais do que os 40 mil anunciados.
Fico muito preocupado, porque árabe gosta de números e
eu não faço exceção à regra, eu fico todo tumultuado quando diz o Presidente da
Carris que há gordurinhas, informa números e a gente faz somas, subtrações e
multiplicações e se complica muito mais. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Flávio
Koutzii, em Comunicação de Liderança pelo PT.
O SR.
FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
em primeiro lugar e dentro do espírito com que vamos tentando, não somente nós,
enquanto Líder da Bancada, mas o conjunto da Bancada do Partido dos
Trabalhadores, intervir e, ao mesmo tempo, eu diria muito francamente, fazer o
nosso aprendizado do funcionamento e dos problemas e necessidades de uma Câmara
de Vereadores, uma série de questões colocadas ao longo da semana passada, nos
motivaram a discutir diretamente com a administração, com o Prefeito, com o
Vice e com alguns secretários, a questão concernente à relação entre a
administração e os Vereadores da Casa, os Vereadores de todos os Partidos. Nós
achamos que isto é também a nossa obrigação. Resultado dessa discussão, eu
diria resultado de certas críticas, resultados também de pressões corretas e
pertinentes que fazem o verdadeiro jogo democrático e a verdadeira construção
de posições, nós, junto com a administração, estabelecemos - o Sr. Prefeito
estabeleceu - uma Ordem de Serviço, datada de 6 de março, que deverá chegar
entre hoje ou amanhã aos Senhores Secretários Municipais, bem como aos
diretores de departamentos e diretores gerais de autarquias, que passo a ler:
"1º) Fica esclarecido a todo Primeiro Escalão que
a publicação de orientações político-administrativas, externa, aos órgãos e empresas
da administração pública é de exclusiva responsabilidade do Prefeito e por
delegação deste, da Vice-Prefeitura e Secretarias de Governo. As exceções
deverão ser solicitadas à Secretaria do Governo."
Evidentemente, tem relação com a carta que discutimos
aqui na semana passada.
"2º) Fica orientado, igualmente, todo o Primeiro
Escalão que as demandas de interesse público dos Senhores Vereadores deverão
ser levadas em consideração, respeitadas as prioridades estabelecidas pelo
Executivo, independentemente do Partido do Senhor Vereador que organiza a
demanda junto à população;
3º) Tal orientação é dada, tendo em vista, não só a
representatividade formal dos Senhores Vereadores, mas, também, pelo fato
político que o Executivo Municipal vê na Câmara de Vereadores toda legitimidade
para pressionar demandas sobre qualquer instância do Executivo."
Com isso, eu penso que se alcança num processo de
discussão, inclusive acalorado, uma clarificação necessária nas relações entre
o Executivo e os Senhores Vereadores e, sobretudo, a compreensão que,
evidentemente, tem que se dar no plano político de que, independente de quais
são as concepções da Frente Popular, elas são as concepções da Frente e elas
determinarão a sua forma de fazer política, mas não necessariamente, na
verdade, devem ser entendidas como critérios que sustenta a cada um dos
partidos desta Casa e a cada um dos Vereadores. Há diferenças de entendimentos.
E o respeito a esta diferença deve-se fazer de uma forma clara, que não
obstrua, evidentemente, as necessidades da Câmara de Vereadores, dos partidos,
dos Srs. Vereadores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Wilson
Santos do PL.
O SR.
WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, aproveito estes cinco minutos para dar vazão a algumas reclamações
de porto-alegrenses e, diga-se de passagem, embora um número pequeno tem acesso
ao Vereador para reclamar, nós sabemos que é um contingente enorme de
porto-alegrenses que se deslocam durante o período de verão, para o veraneio,
ou para passar o fim-de-semana ou, que seja um dia só, nas praias do nosso
litoral. Estendendo-se esta reclamação do Quintão até a área de Capão da Canoa.
A reclamação é especificamente ao dano que vem sendo causado, porque tem-se
acumulado na areia, não neste veraneio, mas em veraneios anteriores, uma
espécie de piche ou resíduo de petróleo que tem causado, primeiro o incomodo de
sujar o corpo dos banhistas, pés, mãos, etc, causando danos, também às roupas
de banho. Mas, se ficasse somente aí a preocupação, poderia parecer: ora, o
Vereador utilizar a tribuna da Câmara para reclamar coisas deste teor! Acontece
que a preocupação vai mais longe. Já se justificaria esse fato de danificar as
roupas de banho e sujar o corpo, mas, vai além. A preocupação é com o meio
ambiente, é com a saúde, é com o dano que deve estar causando ao mar este
problema que deve ser oriundo das lavagens dos porões de navios que descarregam
o petróleo e depois lavam, quem sabe, os porões dos navios no mar. É evidente que
esta tribuna nos permite um exercício, ao vir aqui fazer esta denúncia e,
também, verificar que o fato não fique só na reclamação. Tão logo feito esse
registro, que serve para os Anais da Câmara, para conscientizar os Vereadores,
as pessoas que se fazem presentes e a própria imprensa, há que se tomar uma
atitude concreta. Eu acredito que o que devemos fazer é emitir um documento do
nosso gabinete, dirigido ao Secretário Antenor Ferrari, para que as autoridades
da Saúde e do Meio Ambiente possam, primeiro, verificar esse dano que está
sendo causado, tomar medida para que ele seja cessado. E se necessário,
inclusive, responsabilizar alguém, porque alguém ou alguma instituição é
responsável, é culpada por esses prejuízos impostos. E até exigir ressarcimento
ao Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, que está sendo prejudicado por esse
fato. Quero, inclusive, dizer que esses veranistas, e não estou defendendo a
classe A, B ou C, porque eu falava com um mecânico, de poucas posses, que foi a
uma praia próxima a Capão de Canoa. Conta ele que, além de ter tido o azar de
ter furado três vezes o pneu, chegou aqui todo sujo com esse piche, por esse
resíduo de petróleo.
Concluindo, Sr. Presidente, registramos que fica aqui
a queixa de alguns cidadãos de Porto Alegre, de resto um assunto que interessa
ao meio ambiente e à saúde do povo rio-grandense. E nós vamos elaborar um
documento dirigido ao Secretário Antenor Ferrari, para que passe a averiguar
esse problema que acabamos de registrar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Tempo de Liderança com o PMDB.
Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum.
O SR.
CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu sabia, eu tinha certeza de que as coisas não andavam no caminho
certo. Eu sabia que o Prefeito Olívio Dutra faria da sua frase, em relação ao
transporte coletivo, também uma frase de advertência a quem, na sua
administração, estivesse andando fora da estrada. Esta de "troteia ou sai
da estrada", eu sabia que ia ser aplicada a Diretora do DEMHAB, só não
vamos, evidentemente, nós, Vereadores, que recebemos aquela carta da Srª
Diretora, devolver à Diretora, que seria uma dupla punição. Acho que,
publicamente, o Sr. Prefeito andou bem, não fez nenhum favor, vamos esclarecer
isso aí. Acho que o Sr. Prefeito, simplesmente, andou correto, baixando esta
Ordem de Serviço. Isso nos tranqüiliza muito ao tratar com o Prefeito Olívio
Dutra, porque dá uma dimensão de seriedade, de responsabilidade, de
conseqüência, de maturidade, porque não se trata Vereador como aquela senhora,
em infeliz oportunidade, vinha tratando. Eu acho que a Direção do DEMHAB, a
partir desta Ordem de Serviço, começa a refletir, a amadurecer e a ter mais
responsabilidade no trato, não só das coisas daquele Departamento, como,
fundamentalmente, no relacionamento entre a administração do Prefeito Olívio
Dutra e do Vice-Prefeito Tarso Genro, ambos Deputados Federais, parlamentares,
portanto, com esta Casa. Porque uma pessoa desavisada, pouco conseqüente,
leviana e irresponsável pode jogar na rua um relacionamento que, com
sacrifício, com competência, com discernimento, a Bancada do PT vem mantendo,
gestionando e costurando na atividade parlamentar nesta Casa.
Eu vou apenas registrar aqui, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, que a emissão desta Ordem de Serviço repõe algumas coisas nos seus
devidos lugares. E gostaria, até, porque não sou parte, não tenho nenhum
funcionário do DEMHAB por mim indicado ou contratado naquele Órgão, não tem a
menor importância e não tenho a menor preocupação em relação às pessoas que foram
demitidas do Departamento, mas quero dizer que, como Vereador da Cidade,
acompanho esse fato com profunda estranheza, porque não será esse grupo de
funcionários, com salário-mínimo, que irá quebrar a milionária receita do
Município de Porto Alegre. E nós sabemos que a receita de Porto Alegre,
realmente, é uma receita muito grande, para se colocar em risco 80 ou não sei
quantos funcionários com salário-mínimo, demitidos do DEMHAB. E mais outra
coisa: espero que o Prefeito Olívio Dutra e que o Vice-Prefeito Tarso Genro,
este último militante do nosso Foro local, possam evitar que ações trabalhistas
comecem a entrar na Justiça do Trabalho, reivindicando contra demissões
injustas que possam estar ocorrendo no DEMHAB, segundo, há pouco, o próprio
Líder do PDT dizia na tribuna, de funcionários doentes que estão sendo
demitidos. Finalizo, dizendo que esta ordem de serviço começa a repor ordem na
Casa. Era interessante isto. Eu acho que quem não organiza o seu lar não pode
organizar o lar dos outros. Eu acho que quem não cuida da sua casa não pode
cuidar da casa dos outros, e esta ordem de serviço começa a cuidar da casa que
hoje está confiada à administração do PT. Não pode qualquer administrador tomar
a si direitos que não lhe cabem, truncar relacionamentos e processos de
trabalho que não pertencem aos Partidos políticos, mas que pertencem à
convivência de dois Poderes, que necessitam conviver harmoniosamente, e, acima
de tudo, que esta ordem de serviço estabeleça o respeito, que é muito
importante. Sempre respeitamos, mas é da obrigação também respeitar, a começar
pela Srª Diretora do DEMHAB. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
declaro encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 15h07min.)
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